terça-feira, 28 de abril de 2009
Testemunho da Joana Santos
E lá lhe dei umas moedas, ri-me para mim própria e pensei sozinha: “Deves ter este discurso decorado para todos os que te aparecem à frente!”
Mas o que é certo é que mesmo assim o raio da suposta cigana não me saía da cabeça, porque numa coisa ela tinha razão, o ano em Lisboa não me tinha começado realmente da melhor forma, e havia muitos planos e sonhos por concretizar que me pareciam cada vez mais distantes e impossíveis, no meio de uma conjuntura tão conturbada, tanto quanto aquela em que se tinha transformado a minha vida.
Um destes sonhos que aqui falo era precisamente a vontade de fazer voluntariado lá fora, uma coisa mais séria, que me permitisse dar mais de mim aos outros, pois o que tinha feito até à altura tinha-me ainda sabido a muito pouco.
Crenças, ou descrenças à parte, o que é certo é que para mim o voluntariado foi realmente uma questão de tempo, uma vez que ainda em 2007 deixei por muito pouco escapar a oportunidade de me inscrever no projecto, e já em 2008 não deixei escapar esta oportunidade, e em Outubro, freneticamente, preenchi a ficha de candidatura, e a partir daí o tempo deu tempo ao próprio tempo…
Primeiro que tudo, o PUMAP porquê? Porque tinha a vantagem de ser sido criado por alunos da minha Universidade, a Universidade Nova, e esse seria à partida um vínculo importante, e depois porque através de pesquisas e outros testemunhos me pareceu um projecto livre, leve e com todas as condições que eu andava à procura.
O PUMAP era o caminho que se tornava em Novembro cada vez mais próximo com a chegada do mail que me presenteava com o facto de ter sido seleccionada para o grupo dos 24, dos quais depois seriam subtraídos os 16 finalistas.
Ainda me lembro do dia da apresentação dos 24 escolhidos. Cheguei mais uma vez atrasada, vi uma sala repleta de caras desconhecidas, porém não me senti mal, nem envergonhada, senti-me em casa, com gente que a partir dali iriam fazer também parte do meu sonho e juntamente comigo torná-lo possível.
E foi precisamente isso que aconteceu nos meses que se seguiram. Fins-de-semana no meu grande Alentejo, um ataque às missas, uma animada e lucrativa festa de Carnaval, reuniões tardias, ideias, discussões, sugestões, mais discussões, opiniões, e outra vez discussões.
Em Março é chegado o momento do veredicto final, estavam encontrados os 13 magníficos, como assim fomos apelidado pelo nosso coordenador no mail que anunciava os nomes dos seleccionados.
A notícia chegou-me primeiro por mensagem, e a explosão foi enorme! Lembro que deu um salto enorme (ainda hoje me pergunto como consegui), e gritei a pulmões apertos: “Consegui, consegui!!!”
O PUMAP deixou então de ser um sonho, e é hoje a minha melhor certeza.
Digo-o aqui sem falsas modéstias que somos um PUMAP previligiado, com pessoas que embora diferentes, são iguais na hora de unir esforços e empenho. Por isso mesmo, essa garra e vontade que nos distingue, faz de nós um PUMAP especial e diferente, que não se limitou a resignar perante as evidências de um ano de crise, transformando-o num ano alternativo, feito de ideias consistentes, arrojadas, e que fazem de nós, até ao momento, uns verdadeiros vencedores.
E mesmo que muitos pensem que isto parece cliché, tipicamente para parecer bem, o que é certo é que aqueles que me conhecem sabem que não será verdade.
Não estou mais que a constatar factos, e embora o nosso querido coordenador tenha sempre uma ou outra crítica para nos fazer, o que é certo, é que todos nós, de formas diferentes já provámos porque é que merecíamos chegar até aqui.
O meu nome é Joana, continuo a assumir-me como uma profunda céptica, mas ao pensar naquele dia e naquela cigana, hoje apetecia-me encontrá-la outra vez na rua e dizer-lhe que ela tinha toda a razão! O PUMAP foi uma questão de tempo para mim, mas quando veio, veio para fazer parte de mim e daquilo que é hoje a minha vida!
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Testemunho da Mariana Torgal
Quero antes de mais explicar a minha demora. Há dois fortes motivos: 1º criar suspense para primeira aparição, 2º não ter percebido como se ‘post’ qualquer testemunho (não percebo muito de blogues)
Bem, mas vamos ao que interessa, querem saber um pouco sobre mim? Se não querem porque estão a ler?! Não vos entendo…
Sou a Mariana Torgal, tenho vinte anos e sou do Porto. Aventurei-me por terras mouriscas para frequentar o curso de economia após a tentativa em vão de estudar nas melhores universidades em Inglaterra Politics and International Relations. Lá estou eu a dar uma bonita impressão de mim, mas isso é porque vocês ainda não sabem a história, vou vos contar… Eu estudei numa escola Inglesa e completei o 12º ano no Porto como se estivesse em Inglaterra. Para entrar numa faculdade lá é fácil MAS para ser seleccionado para eventualmente entrar (conditional offers) nas melhores faculdades é outra história. Enfim como não me podia dar ao luxo de endividar os meus pais numa faculdade menos boa lá fora achei por bem ficar em PT (PARA JÁ) e mais tarde então aventurar por terras longínquas sejam elas onde forem. Como já perceberam ou deviam, ambiciono ir estudar para fora e quiçá ficar, ADORO VIAJAR.
Agora que já sabem um pouco de mim, vou vos falar do PUMAP09. Infelizmente já ficaram para trás pessoas que gostava muito que fossem e não podia deixar de as mencionar, mas por outro lado também vos digo com todo o orgulho que o nosso grupinho é MUITO BOM. Há de tudo um pouco, vamos lá ver como nos aguentamos no big brother da casa com 16 pessoas (!) - confesso que é o que mais receio embora vá tranquila e de espírito aberto espero não assistir a conflitos infindáveis.
Para já são estas as minhas impressões, embora esteja lançada para escrever muito mais acho que não vos devo aborrecer mais! Desafio os meus queridos pumap09 a escreverem qualquer coisinha para não me deixarem aqui sozinha com o meu triste testemunho!
Beijo a todos
Mariana
Testemunho do Diogo Belo
O PUMAP surgiu para mim no meu primeiro ano da faculdade e na altura eu e uma colega estávamos muito interessados em nos inscrever. No entanto, por razões académicas foi-me totalmente impossível pensar nisso. A minha colega inscreveu-se mas não passou das primeiras fases de recrutamento, pelo que o programa continuou a ser uma incógnita para mim. Desde essa altura que tinha o desejo secreto de fazer parte deste programa e de descobrir mais acerca do PUMAP.
O desejo voltou quando terminei o meu programa Erasmus em Estocolmo, na Suécia, e me deparei com um cenário muito próximo: estava prestes a terminar a minha licenciatura, com 21 anos, não me sentia preparado para ir trabalhar, e tinha gostado tanto da minha experiência internacional que queria voltar a sair do país mas desta vez para um local diferente. Além disso conhecia várias pessoas que tinham feito voluntariado e me diziam sempre que era algo bastante enriquecedor e que achavam que tinha muito a ver comigo. Quando chegou Setembro e regressei às aulas, tinha algum tempo livre, já que só estava inscrito a 3 cadeiras, e resolvi tentar. Ao longo de todo o processo de recrutamento, e já com as primeiras reuniões, fui-me apercebendo cada vez melhor do que era a realidade do programa, mas sempre com muitas dúvidas do que seria na prática.
Desde início que o grupo se reuniu com bastante frequência, tivemos fins-de-semana todos juntos que correram extremamente bem, fizemos jantares com a presença dos antigos membros, com a direcção da AHEAD, e tudo isso ajudou a que aos poucos nos fossemos conhecendo melhor.
A angariação de fundos é uma parte ingrata do projecto, mas essencial. Com isto os financiamentos alternativos e as discussões (saudáveis) que se geravam entre todo o grupo sem excepção, todos com vontade de participar e dar a sua opinião. A experiência no Bairro da Boavista é talvez já uma amostra do que vamos encontrar em Moçambique. Os miúdos são muitos, difíceis, cheios de energia, e nós, os explicadores, temos de saber dividir as nossas emoções, já que, mesmo que o dia nos esteja a correr mal, ao final da tarde temos de estar prontos para eles pois eles estão a contar connosco.
Em Moçambique espero encontrar um ambiente muito particular no seio do grupo. Durante 2 meses vamos ficar todos juntos numa casa e será essencial sabermos dirimir da melhor forma quaisquer conflitos que possam surgir. Espero encontrar também uma realidade social totalmente diferente da nossa – afinal de contas estamos a falar do continente africano – e conseguir lidar da melhor maneira com os desafios que advierem. Uma vez que vou dar o módulo de finanças, espero sinceramente conseguir ser claro nas ideias que quero transmitir e desta forma, ser o mais útil possível aos que acreditam no PUMAP e depositam confiança nas nossas capacidades.